Você sabia? Veja tudo o que pode ser produzido a partir da cana-de-açúcar

Presente na história do Brasil desde o século XVI, a cana-de-açúcar foi uma das primeiras culturas exploradas economicamente no território. Introduzida pelos portugueses, não demorou a se tornar protagonista nas capitanias hereditárias, moldando a estrutura agrária, econômica e social do país por séculos.

Hoje, séculos depois, a cana continua a desempenhar um papel central no agronegócio nacional. O Brasil é líder mundial na produção e exportação de açúcar e etanol, com destaque para estados como São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Paraná, que juntos respondem por mais de 80% da produção nacional. Segundo dados da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), a safra 2024/25 deve ultrapassar 650 milhões de toneladas, consolidando a força do setor no cenário internacional.

Muito além do açúcar e do etanol

Engana-se quem pensa que a cana-de-açúcar se limita a açúcar e etanol. Graças à tecnologia e à inovação, a cana se tornou matéria-prima para uma diversidade impressionante de produtos.

Derivados da cana-de-açúcar:

• Etanol (combustível renovável)

• Açúcar refinado e mascavo

• Álcool etílico e antissépticos

• Perfumes e cosméticos

• Bioplásticos e papel biodegradável

• Energia elétrica (via biomassa)

• Biogás e biofertilizantes

• Pellets e adubo

• Cabeça de fósforo

• Antibióticos e medicamentos

• Vidro “falso” e materiais industriais

Essa versatilidade reforça o papel estratégico da cana como elo fundamental em diversas cadeias produtivas e da indústria química à geração de energia limpa.

Produção sustentável: o novo rosto do setor

Se, no passado, o cultivo da cana-de-açúcar esteve ligado a práticas questionáveis, como o uso de trabalho análogo à escravidão e queimadas, hoje o setor caminha em outra direção. A sustentabilidade se tornou pré-requisito para manter competitividade no mercado global e atrair investimentos.

Entre as práticas mais valorizadas atualmente estão:

• Colheita 100% mecanizada em diversas regiões

• Uso de bioinsumos e rotação de culturas

• Projetos de reaproveitamento de resíduos (vinhaça, palha)

• Não utilização de áreas desmatadas, especialmente na Amazônia

Além disso, certificações e programas como o RenovaBio, o selo Bonsucro e a ISO 14001 comprovam o compromisso com boas práticas ambientais, aumentando a credibilidade do Brasil perante investidores e compradores estrangeiros.

Impacto econômico e os desafios do setor

O setor sucroenergético representa cerca de 2% do PIB brasileiro e gera mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos, segundo a Embrapa. O país segue na liderança global de exportação de açúcar e amplia, a cada ano, sua presença no mercado de etanol, abastecendo países como Japão, Estados Unidos e Índia.

No entanto, ainda há desafios importantes a enfrentar:

• Oscilações nos preços internacionais

• Concorrência com outras culturas agrícolas

• Falta de infraestrutura logística em algumas regiões

• Barreiras para financiamento e crédito verde

• Impactos climáticos, como estiagens prolongadas

Equilibrar competitividade, expansão e sustentabilidade é fundamental para manter o protagonismo brasileiro no cenário mundial.

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