top of page

O Caso Gol Linhas Aéreas: Quando o Leasing em Dólar Vira Risco Cambial

A Gol Linhas Aéreas, uma das maiores companhias aéreas do Brasil, tornou-se protagonista de um dos mais emblemáticos casos de exposição cambial no setor corporativo brasileiro. O motivo? Uma dependência quase total de contratos de leasing de aeronaves em dólar americano, num contexto de receitas em real e forte volatilidade cambial.


Com a entrada da empresa em recuperação judicial nos Estados Unidos, o caso não apenas revelou fragilidades na estratégia financeira da companhia, mas também acendeu o alerta para outras empresas brasileiras com estrutura de custos em moedas fortes. Neste artigo, a Royal Partner Câmbio analisa em detalhes o que aconteceu, por que aconteceu e o que sua empresa pode fazer para evitar o mesmo destino.


avião gol

O Que é Exposição Cambial e Por Que Ela Preocupa Empresas?


A exposição cambial é o risco que uma empresa corre quando parte relevante de suas obrigações como pagamentos, dívidas ou contratos está em uma moeda diferente da qual ela gera receita. Isso é comum em empresas que importam insumos, possuem dívidas em dólar ou operam internacionalmente, mas têm grande parte de sua receita atrelada ao mercado doméstico.


O problema se intensifica em ambientes de instabilidade econômica, onde a moeda local como o real pode se desvalorizar rapidamente frente ao dólar. Sem mecanismos de proteção (hedge), essas oscilações impactam diretamente os custos operacionais, os balanços contábeis e até mesmo a viabilidade do negócio.


Gol e o Peso do Leasing em Dólar na Aviação Brasileira


No setor aéreo, é comum que companhias optem por arrendar aeronaves ao invés de comprá-las. É o chamado leasing operacional, uma prática internacionalmente difundida que oferece flexibilidade e menor custo inicial. No entanto, esses contratos geralmente são firmados em dólar o que cria um risco cambial latente.


No caso da Gol, esse risco se tornou realidade. Em setembro de 2023, a companhia tinha cerca de US$ 6,5 bilhões em obrigações cambiais e mais de US$ 20 bilhões em compromissos futuros com aeronaves. Diante da alta do dólar e do aumento nas taxas de juros internacionais, os custos dispararam, colocando pressão insustentável sobre o caixa da empresa.


Recuperação Judicial nos EUA: Estratégia ou Último Recurso?


A entrada da Gol no Chapter 11 da Justiça norte-americana em janeiro de 2024 foi uma manobra calculada para reorganizar dívidas e manter a empresa em operação. Esse mecanismo jurídico permite que empresas estrangeiras protejam seus ativos nos EUA enquanto negociam com credores internacionais.


Ao adotar essa estratégia, a Gol ganhou fôlego para lidar com arrendadores de aeronaves, fornecedores e bancos evitando uma paralisação total das operações. Embora drástica, a recuperação judicial é cada vez mais comum entre empresas do setor aéreo latino-americano, como foi o caso da Latam Airlines em 2020.


O Plano de Reestruturação: Financiamento e Negociação


Durante o processo judicial, a Gol estruturou um plano de reestruturação que incluiu:

  • A captação de US$ 1,9 bilhão em financiamento de saída (exit financing), destinado a manter a operação ativa e negociar pagamentos pendentes;

  • A renegociação com empresas de leasing e fornecedores, que resultou em mais de US$ 1,1 bilhão em concessões e termos mais flexíveis para manutenção e devolução de aeronaves.


Essas medidas permitiram que a empresa ajustasse seu passivo à nova realidade econômica, reduzindo o impacto do câmbio e reorganizando sua estrutura financeira.


Os Primeiros Sinais de Retomada


Apesar do cenário adverso, o primeiro trimestre de 2025 trouxe dados encorajadores: a receita líquida cresceu 19,4% e o EBITDA recorrente subiu 17,4% em relação ao mesmo período de 2024. Esses indicadores demonstram que a reorganização começou a dar frutos, e que a empresa conseguiu melhorar sua eficiência operacional mesmo em meio a um processo de recuperação judicial.


Ainda é cedo para afirmar que a Gol voltou aos trilhos, mas os sinais de retomada mostram que medidas estratégicas mesmo as mais drásticas podem fazer a diferença entre colapso e continuidade.


O Que Podemos Aprender com Esse Caso?


O episódio da Gol é um alerta para empresas que operam com receitas em moeda local e custos em moeda estrangeira, especialmente em setores com margens apertadas e alta competitividade.


Entre as principais lições, destacam-se:

  • Gestão proativa de riscos cambiais: É essencial ter estratégias de hedge, como contratos futuros ou swaps cambiais, para mitigar a volatilidade;

  • Análise de sensibilidade cambial: Planejar cenários e entender como o câmbio impacta diretamente o caixa e os custos operacionais;

  • Governança financeira robusta: Empresas precisam de processos internos bem estruturados para reagir rapidamente a choques externos, especialmente em um mercado globalizado.


E se a Sua Empresa Estivesse no Lugar da Gol?


A história da Gol não é um ponto fora da curva.Diversas empresas brasileiras convivem com riscos semelhantes: contratos em dólar, leasing de ativos, importações, pagamentos internacionais ou empréstimos externos. Muitas vezes, essa exposição é silenciosa — e só se torna visível quando o dólar dispara ou o caixa aperta.


A grande pergunta é:Sua empresa está preparada para lidar com a próxima oscilação cambial?

Alguns sinais de alerta incluem:

  • Custos fixos em dólar com receitas em real;

  • Dificuldade em projetar fluxo de caixa com precisão;

  • Margens apertadas que não suportam choques cambiais;

  • Decisões operacionais sendo impactadas pela cotação do dólar.


Se algum desses pontos ressoou com a sua realidade, talvez seja hora de mudar a forma como você enxerga o câmbio: não como uma transação, mas como uma estratégia de proteção e crescimento.


Converse com os especialistas da Royal Partner Câmbio. Descubra como transformar a exposição cambial da sua empresa em uma vantagem competitiva com inteligência, planejamento e suporte personalizado.


🔗 Fale agora com um especialista

 
 
 

Comments


Posts Em Destaque

Posts Recentes

 

A Royal Partner Câmbio não é um banco ou uma instituição financeira e, portanto, não concede empréstimo direto. Atua como correspondente cambial registrado no Banco Central do Brasil: htps://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/correspondentescambio​

 

Av. Engenheiro Luís Carlos Berrini, 1748 - cj. 1805 - Cidade Monções, São Paulo - SP, 04571-000

Telefone:  11 97291-2692

bottom of page